Antes de ler a série As Crônicas de Gelo e Fogo (George R. R. Martin), eu paquerava com os livros na livraria e costumava ler várias críticas na internet sobre a história e sobre como ela estava sendo aceita pelo público em geral. As críticas foram as mais variadas possíveis e a maioria era de adolescentes que demonstravam paixão e surpresa pela trama, e de alguma forma, essas críticas me deixaram intrigado e muito curioso para conhecer a história. Era um novo desafio, uma nova aventura. E meu faro para a boa literatura estava em pleno êxtase.
Todos chegavam ao consenso de que era uma história adulta com muitas reviravoltas e apesar de se tratar de literatura fantástica, era algo extremamente real e palpável, nunca feito antes e isso me deixou ainda mais empolgado.
Com relação à Guerra dos Tronos, o primeiro livro da série, existia um problema com a adaptação literária aqui no Brasil, porque a Editora Leya, responsável por publicar o livro aqui no nosso país, pegou a tradução de Portugal, feita por Jorge Candeias e sem fazer muitas modificações na adaptação, publicou o livro. O resultado foi uma linguagem meio arcaica, que não deixava a história fluir bem, deixando esta diferente da obra original, que possui uma linguagem mais dinâmica e agradável. Apesar de falarmos a mesma língua que é falada em Portugal, existem termos que é próprio de cada país e a falha da editora residiu no fato de não corrigir esses termos e deixar a obra com a cara do Brasil.
A Editora Leya foi muito criticada na época por não ter tratado a obra com o carinho e a dedicação que ela merecia, tendo em vista que a história vinha atraindo fãs pelo mundo todo, e era de grande responsabilidade da editora fazer uma tradução bem feita para conquistar o público brasileiro, uma vez que ela lucraria bastante com a publicação da obra. Com isso, fiquei na dúvida se comprava o livro ou não. Então resolvi ler o prólogo, que estava publicado na internet e tirar minhas próprias conclusões sobre a polêmica tradução.
Bom, minha surpresa foi enorme, porque eu não vi nada demais com esta bendita e tão falada adaptação. Contudo eu entendi a crítica e a revolta dos fãs, mas não vi a linguagem como um problema realmente sério e que poderia impedir alguém de ler o livro e entendê-lo como ele merecia ser entendido. Era uma boa história de qualquer forma.
Assim, quando li todo o livro, percebi que algumas coisas poderiam ser mudadas, que o texto poderia ter ficado melhor aqui e ali em alguns diálogos e em algumas outras partes da narrativa, mas é algo quase que imperceptível, tanto é que, na minha humilde opinião, se fosse mudado não alteraria em nada o conceito que tenho com relação à obra. Eu não passaria a gostar mais, nem a gostar menos, gostaria do mesmo jeito.
Porém, com toda certeza, se eu aprovei a adaptação que a Editora Leya fez, acho que eu entraria num verdadeiro frenesi se lesse a obra original. Westeros é fantástico em todas as dimensões literárias que o gênero fornece. E ao ler os livros seguintes fui observando que a editora resolveu levar em consideração a crítica dos fãs e fazer uma melhor adaptação da obra, e os resultados foram fantásticos. A Fúria dos Reis e A Tormenta de Espadas são maravilhosas continuações de A Guerra dos Tronos, exceto em alguns pontos aqui e ali, contudo são opiniões pessoais sobre os acontecimentos, cujos quais não interessam agora.
Portanto se alguém quiser ler essa obra algum dia e estiver um pouco assustado com a grossura dos livros e a fonte minúscula das letras, não veja isso como um empecilho, porque vale o esforço. Tudo aquilo é realmente necessário e de repente você se pega perguntando como Martin conseguiu resumir a história (risos).
Se você gosta de literatura fantástica garanto que não vai se arrepender. É algo realmente inovador no gênero, com uma mistura fantástica e polêmica de religião e política. A narração é digna de insultos e de aplausos ao mesmo tempo, porque o autor brinca com a nossa capacidade de prever as coisas e de achar que temos controle sobre o que estamos lendo. Após nos iludir bastante sobre uma determinada personagem ele vai e dá uma tapa na nossa cara e muda o rumo da história, assim, tudo o que construímos na nossa cabeça desmorona e voltamos a estaca zero. Não tente adivinhar nada, você vai acabar errando e sendo surpreendido.
O fator surpresa ao ler os livros da série é um ingrediente que dá um tempero especial a obra, acredite. Foram várias as vezes que eu quis pegar o livro que tava lendo e jogar na parede; outras vezes tive vontade de mandar um e-mail para o autor dizendo que ele era louco e cruel demais; outras vezes parei a leitura, fechei o livro e fiquei pensando naquilo que eu havia acabado de ler, me perguntando se entendi certo ou foi má interpretação, então voltei a página anterior e li de novo só para confirmar o absurdo do que eu havia acabado de ler.
Enfim, foram muitas as surpresas e as emoções. Se você é daqueles que, assim como eu, se apega facilmente aos personagens de uma história, tenha muito cuidado, porque As Crônicas de Gelo e Fogo é uma obra que se deve ler apenas com a mente. Arranque seu coração toda vez que for ler essa história, senão você vai sofrer meu caro leitor.
Martin criou de maneira fantástica personagens apaixonantes, todos com uma função realmente importante, embora naquele momento você ache que não. Porém, ele não tem nenhuma dificuldade de pegar essa personagem e passar ela na espada. As personagens são na verdade peças de um tabuleiro enorme, que ao se movimentarem, podem escolher sem querer o lado errado ou o momento errado de fazer aquele movimento e acabar perdendo a cabeça.
Quando comecei a ler eu imaginava algo grandioso, épico, colossal, mas não tão profundo e com dimensões tão humanas. Somos apresentados a personagem muito bem construídos, cheios de qualidades e fraquezas. Não existe alguém totalmente bom ou alguém totalmente ruim, preto e branco como poderia ser dito, mas sim personagens com uma mistura de tudo isso, personagens cinzas. Nunca se sabe tudo sobre alguém. E é essa humanidade que existe neles que torna a obra tão fantástica.
Uma coisa que vale ressaltar é que cada capítulo tem o nome de uma personagem em especial e é através dos fatos ocorridos na presença deles que vamos acompanhando o desenrolar da história. Assim, também somos apresentados as suas qualidades, fraquezas e inquietações. Acredito que a história não poderia ser contada de outra forma, porque assim podemos saber o que está acontecendo em vários pontos dos sete reinos e até mesmo do outro lado do mar. E maioria de cada capítulo termina de uma forma de tirar o fôlego, outra habilidade admirável na narrativa de Martim, coisa que poucos autores conseguem fazer.
Estou realmente ansioso para ler tudo o que está por vir. Martin nos prometeu sete livros, o que é curioso, porque temos sete reinos, sete famílias importantes, sete faces de Deus e sete sabe-se lá mais o que. Atualmente ele vem escrevendo o sexto livro da obra, certamente repleta de mais surpresas sufocantes, com uma narrativa impressionante.
O Festim dos Corvos, livro quatro, é o próximo da minha lista...
“Quero ver o final dessa guerra montado no dorso de um dragão em pleno voo, vestido com uma armadura lustrosa e imponente e com uma espada na bainha. Eu estarei só, sem ninguém ao meu lado, porque não confio em ninguém de Westeros. E lá ficarei até que alguém se sente novamente no Trono de Ferro e se declare o Rei, para então eu ir me ajoelhar perante ele, prestar meu juramento de lealdade e oferecer minha espada. E enfim, reinar a paz.”
por: Paulo Ricardo
Ah Pah, muito bom seu comentário. Infelizmente a espessura dos livros e o mínusculo tamanho das letras me tiram a coragem de ler a história kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirIsso só um detalhe prima!
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